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  A U T O R E S
  Maria Salete van der Poel
Cornelis Joannes van der Poel
 

 
Bibliografia

Maria Salete van der Poel
e Cornelis Joannes van der Poel são professores, hoje aposentados da UFPB, respectivamente, dos Departamentos de Fundamentação de Educação e de Ciências Sociais. Autores dos livros “Prática alfabetizadora de jovens e adultos” (Grafset, 1993), “Letramento de pessoas jovens e adultas na perspectiva sócio-histórica” (União, 1977) e “Rede municipal de ensino em construção” (Marcone, 2001), além de inúmeros artigos em revistas.

Salete, natural de Campina Grande, é formada em Pedagogia, mestra em Educação de Adultos (UFPB) e autora do livro “Alfabetização de Adultos. Sistema Paulo Freire. Estudo de caso num Presídio” (Vozes, 1981).


Cornelis
, natural da Holanda, brasileiro e nordestino por adoção, formado em Teologia, Filosofia, pós-graduado em Pedagogia (Paris) e Sociologia do Desenvolvimento (Louvaina) e mestre em Sociologia (UFPE).

Desde os anos 60, atuam junto a movimentos sociais populares, notadamente, na educação de jovens e adultos, com trabalhadores rurais, presidiários, domésticas, meninos de rua, em suma, os excluídos da vida sócio-econômica.
Impelidos pela miséria e exploração que sofrem seus alunos e o povo brasileiro em geral, assumem como referencial político-pedagógico a construção de uma sociedade onde tenham vez a justiça social e os direitos humanos.
No princípio, a concepção teórica e metodológica das suas práticas educativas se embasou no sistema Paulo Freire. A partir dos anos 80, porém, toda sua ação pedagógica é construída numa visão de letramento sócio-histórico.
O presente livro conta a trajetória dessa aventura pedagógica. É um convite a todos que procuram, com eles, construir uma genuína educação emancipatória e se destina, principalmente, aos que estão preocupados num processo de letramento engajado, que implica numa mudança de “estrutura de pensamento”, provocando uma “revolução no cotidiano”, melhorando a vida dos participantes e do povo nordestino e brasileiro.


Trajetória de uma militância educacional
Do sistema freireano ao letramento sócio-histórico

Cornelis e Maria Salete van der Poel
Editora Oikos – 276 p.

As pessoas que teorizam e praticam a concepção de educação de Paulo Freire tendem a transcender o próprio autor. Todavia, esta transcendência não acontece através da busca por novos autores e por novas teorias, mas pela auto-emancipação do próprio educador(a). O educador também participa e evolui através das experiências educativas que identificam elementos de opressão e de libertação das pessoas e das comunidades. A proposta freireana de educação recria e emancipa o próprio educador na experiência. A educação como prática da liberdade e de auto-emancipação que o educador cria na sua relação com o educando
e com a comunidade é uma experiência que também acontece com o próprio educador. Desta forma, o educador também se auto-emancipa e, devido às condições históricas, torna-se também um(a) autor(a): Salete e Cornelis.
O “método” de Letramento Sócio-Histórico constrói uma concepção muito criativa de realidade. A realidade sócio-histórica como conteúdo educativo solicita do educando, não somente um apossar-se da realidade, mas, que ele construa e crie um projeto de vida para si, com o qual ele possa se auto-emancipar através da transformação da própria realidade. Transformando a realidade ele se transforma a si mesmo; e transformando a si mesmo ele transforma também a realidade. Por isso: sócio-histórico.
Um aspecto importante da pedagogia de projetos significa isto: que os educandos criem para si e com as comunidades processos de auto-emancipação. E estes processos de auto-emancipação têm origem nas suas capacidades de criarem novas concepções das coisas, isto é, de pessoa humana, de sociedade humana e de tudo aquilo que de algum modo lhe interessa experimentar. Portanto, há que construir novas concepções das coisas, isto é, novas realidades e novos ingredientes que se quer começar a experimentar. Neste sentido, há uma ligação muito grande entre tudo o que acontece em termos de alfabetização e de transformação da realidade.
Se o cotidiano requer um ir além, aspectos significativos deste além podem estar contidos no desenvolvimento de novos conceitos e novas concepções sobre as coisas do próprio cotidiano. Num primeiro movimento, estes novos conceitos e novas concepções permanecem apenas no âmbito do conhecimento e da consciência, isto é, da linguagem e das comunicações. Todavia, para poderem ser praticados, precisam estar forjados em projetos que sustentam a práxis social das pessoas e das comunidades. Por isso, a idéia da pedagogia de projetos. E a grande “sacada” é poder fazer tudo isto através de processos de letramento.
As realidades iniciais do Letramento, que são o contexto e as pessoas, sofrem mutações no transcurso do processo, pois elas sofrem permanentes processos de re-conceituações e de práticas. A expressão “Letramento Sócio-Histórico” é uma tentativa de compreender e de significar este fenômeno.
Estes cinco parágrafos são uma tentativa de síntese criativa do livro de Cornelis e de Salete, intitulado: Trajetória de uma militância educacional: do sistema freireano ao letramento sócio-histórico. O exercício da crítica do seu próprio trabalho é que faz Cornelis e Salete evoluírem para além da teoria e da prática de Paulo Freire. Todavia, por um lado, isto é também Paulo Freire. Mas, por outro lado, tudo isto agora é Cornelis e Salete. Bem, esta é uma evolução que todo o educador(a) gostaria de experimentar. E este é o grande elogio que todo o educador(a) gostaria de receber.

José Renato Soethe -
Mestre em Educação e Doutor em Ciências da Comunicação

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